Quando ao menos um sopro dos ventos no final da tarde
A mensagem sutil e suave
Vem nos tons de vermelho, laranja, púrpura e fundi-se a um azul céu
Na mata bruta e selvagem o verde nos vários aspectos de uma só tonalidade
Vejo o gerais tão raso e cinza, onde habita a fera mais linda e temida no sertão
Também avisto o sagrado marimbus junção de varias veias
Rios que descem e sobem serras e vales
Cravado, rodeados e abraçados ao chapadão milenar
Um micro-universo, arco-íris nação, berço dos cinco continentes
Quando ao menos um sopro dos ventos no final da tarde
Rente ao tambor é quando ouço-o
E sinto minhas raízes atravessar o mar e tocar as terras de lá
Arrepio na alma, ilusões me disseram que pode ser verdade
Também não me importa as normalidades do triste livro de historia
Meu avo, nome ou apelido, um mito “Nego d’agua” nagô
Sabe-se de Ruanda ou Angola, se é ketu ou se é male
Quem me disse isso ainda me diz muito mais
Ancestrais manifestados no agora movendo informações de outrora
Ouço e sinto o trovão vibrar na montanha, lembro do sopro do vento
No serreno da madruga que sopra frio e vem quando a chuva passa
fica só o ritmar dos tambores na fusão das lágrimas e da alegria
Velhos, jovens e crianças a mistura do todo numa coisa só, um micro-universo
O circulo de energia como chama que aquece aqui e em qualquer tempo
Sei que minha casa é aqui mais, sei que aqui não é a minha morada
Vejo o entardecer, a mata bruta, os gerais onde habita a fera selvagem
E o pantanal reino das águas, abraçados ao chapadão milenar
Vejo a força do diamante lavado a sangue e suor
Então reflito no caminho para o tempo que sempre se abre
E mostra o céu, a janela dos Deuses
24.8.09
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