29.3.10

Quando ao menos um sopro dos ventos no final da tarde
Como uma mensagem sutil nos tons de vermelho, laranja, púrpura
Fundindo-se ao azul angelical
Na mata bruta e selvagem o verde nos vários aspectos de uma só tonalidade
Vejo os gerais tão raso e cinza onde habita a fera mais temida no sertão
E virando um pouco mais as vistas, um sagrado pantanal a junção de varias veias que correm para a união
Tudo esta cravado, rodeados ou abraçados ao chapadão secular
Um micro-universo
Um arco-íris de nação, berço dos cinco continentes
Que faz sentir minhas raízes atravessar o mar e tocar o chão de lá (áfrica)
Arrepio na alma, ilusões me disseram que pode ser verdade
que importa as normalidades do triste livro de historia
Meu avo nome ou apelido um mito “Nego d’agua” nagô
sabe-se de Ruanda, Angola/ Se é Ketu ou Malé
mas quem me diz isso ainda me diz muito mais
ancestrais manifestados no agora movendo as informações genéticas de outrora
Quando sinto o trovão vibrar na montanha lembro do sopro do vento
No serreno da madruga que sopra frio e vem quando a chuva passa
fica só o ritmar dos tambores na fusão das lágrimas e da alegria
Velhos, jovens e crianças a mistura do todo numa coisa só
Um micro-universo
O circulo de energia como uma chama
Que aquece aqui e em qualquer tempo
no tempo que tem inicio meio e nunca um fim
Ei sei que minha casa é aqui mais sei que aqui não é a minha morada
Vejo o entardecer, a mata bruta e selvagem, os gerais onde habita a fera
E o pantanal reino das águas, abraçados ao chapadão secular
Mas caminho para o tempo que sempre se abre
E mostra o céu, a janela dos Deuses

Nesta nave (planeta terra) que sigo minha vida
Levo os mais vastos passageiros
Pessoas daqui e de lá, sentimento e beleza de todo lugar
Situações habituais moldadas e que precisam ser transformadas
Sinto a capacidade e as possibilidades
De viver assim solto, mais natural
Solto na vida, preso no amor leve como o ar
Tendo na imensidão a presença do agora
Reunido em um lindo por do sol no fim da tarde
Todos reunidos na eterna presença do agora
Creio nisto
E educo meus filhos como “leões gladiadores”
Filho de Africanos e do mundo
Quilombola nascido no Brasil
Um índio que precisa viajar nesta gigantesca nave azul
Nossa pacha mama Terra

Obrigado pai, Obrigado mãe
Por aceitar e me permitir o poder da escolha
E mesmo que ela às vezes me faça fracassar
Ainda assim obrigado
Ando os curtos caminhos (trilhas) e longos são os passos que preciso andar (chapada)

Obrigado Vô(s), Obrigado Vó(s)
Sigo com o rigor e a coragem de vocês (em seus tempos de roça)
Sempre como um menino sonhador
Minha tribo é toda a manifestação em minha volta
Obrigado senhores por me fazer acordar e silenciar-me em voz alta
Desculpem-me quando estava encantado
Assustado as frias vivências e nos karmas passados
Foi preciso ser guerreiro
Gladiar comigo mesmo numa luta desigual
Um bom broto nasce de novo e suas raízes precisam ser um sinal de força
As noites e os dias são sinônimo de aprendizado
Que as vezes certo, as vezes errado me tornou ser humano

Senhores (pai, mãe, Vô(s), Vó(s))
Obrigado pelo por do sol alcançado, a lua prateada nas margens do rio
E todo o encorajamento
Aos mitos, as fantasias e todos os ritos
Os que por min captados ainda hoje aperfeiçoados
São raízes, da arvore que nasci e o fruto que meus filhos serão
Obrigado senhores
Não me diferencie
Somos todos iguais se assim nascemos
Não me rotule
Não sou o produto de nada que haja vista foi construído
E não transformado
Sou filho de um homem e a semelhança do divino
Anjo para uns
Demônio para outros
Dia e as vezes noites
Esteada e também trovoadas
Andarilho peregrino com destino certo no alvo
A vida

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