Nos vem do outro lado do mar
Contra a maré
Sobrevimos a tudo, lagrimas, medo, humilhação, tortura no cais
Resistimos a fúria da mata atlântica selvagem
atravessamos o calor escaldante da terra seca do sertão
caminhamos de lá pra cá com sede, doente, amarrado, com fome e de
pé no chão
e mesmo assim com tanto maltrato aqui nessa terra tudo parece o
paraíso
o foco é não perder a força na nação tem que tre fé no que sobrou da cultura
do axé
a liberdade é o sonho maior e ta de pé
escravo moderno mais nunca cativo escrevo cenas controversas de
ver
é tipo ilusão o que lês mostram na TV
não melhora a sua situação
dinheiro vem, mas a gente continua na contra mão
miséria morte e corrupção
falta de política de incentivo, pro jovem não ser bandido,
falta incentivo pra musica, pra educação pra toda forma de arte e
de expressão
mas a gente segue resistindo, pelo lavrado, alto das estrela tomba
surrão, jagatá
lada a lado a vários morros, cachoeira e ribeirão
tanta beleza e meu povo na incerteza deste talibã, o chicote
estrala,as correntes ainda marca
não dar pra imaginar, mais é o que há nas serras do sincorá
vai coronel compra com seu papel dita a vida da comunidade que
luta mas não sai da marginalidade
o pais ta no abandono, o governo não trabalha mais pro povo
então relato em rimas de novo, escrevo e canto meu rap
diamante bruto desde pivete que não brilha mas ofusca no
meio multidão
salve os rastas o dreades, os blacks, os bonezão
é noiz e a cena é lençóis
salve sabotage, Dom obá, preto goes
tem vários vilãos sumindo e tambem vários heróis surgindo
a força do quilombo urbano segue resistindo